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5.8.10

Gueto de Varsóvia

Minhas andanças pela capital polonesa no início de julho acabaram me levando à área em que se estendia o gueto. Numa grande praça junto à rua Zamenhof, circundada por blocos comunistas erguidos sobre os destroços amontoados das antigas casas dos judeus, vê-se o colossal monumento dedicado aos heróis do Gueto de Varsóvia, concebido pelo escultor Nathan Rappaport e inaugurado na década de 1980 pelas autoridades comunistas.

Na primavera de 1943, a insurreição do Gueto de Varsóvia foi brutalmente sufocada pelo exército nazista, que trucidou mais de 13 mil judeus durante a exitosa operação de aniquilamento dessa parte da cidade. A maioria dos 50 mil judeus restantes foram capturados e despachados para o inimaginável campo de extermínio de Treblinka.

Há quem diga que, por ironia, o material utilizado pelo escultor tenha sido previamente encomendado pelos nazistas, no intuito de construírem um monumento em homenagem à (malfadada) vitória alemã.

A poucos metros do trágico memorial, atrás de tapumes, vê-se a construção em andamento do ambicioso Museu da História dos Judeus Poloneses, que deverá abrir suas portas ao público em 2012.

Na praça que abriga o colosso de Rappaport, salpicada por pequenos monumentos em mármore negro que se estendem pelas ruas adjacentes e que comemoram, em polonês e hebraico, diferentes personalidades, lugares e momentos dessa história macabra, idosos gorduchos e bem-dispostos sentavam-se sossegados nos bancos sob o sol do fim-de-semana, enquanto moradores do bairro passeavam satisfeitos seus cachorros por cima dos escombros enterrados, por entre fantasmas cujos gritos lancinantes guiavam meus passos.

Fotos: do autor.

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