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17.11.10

Komor e Dezsö

A mais agradável descoberta de Târgu Mures é o que me atreveria a chamar de versão magiar do Palau de la Música Catalana (1908): trata-se do Palácio da Cultura (Palatul Culturii, Kultúrpalota), edifício construído entre 1911 e 1913 - sob encomenda do prefeito György Bernády (1864-1938), que marcou indelevelmente a história da cidade com seu empreendedorismo.

O fabuloso Palácio foi concebido por dois dos maiores arquitetos húngaros da época: Marcell Komor (1868-1944) e Jakab Dezsö (1864-1932), discípulos do assim chamado Gaudí húngaro, o renomado arquiteto Ödön Lechner (1845-1914), um dos primeiros representantes da corrente Szecesszió que, embora claramente ligada à Art Nouveau e Jugendstil, em voga por toda a Europa, permitiu-se enriquecer-se, no então espaço geográfico da Hungria, com a inclusão de elementos folclóricos locais.

Outra interessante descoberta foi constatar que ambos os arquitetos - que conceberam também, sempre a mando de Bernády, o não menos fantástico Palácio da Prefeitura de Târgu Mures (1907), além de haverem assinado residências, sinagogas e diversos edifícios públicos que embelezam até hoje cidades como Budapeste, Viena, Oradea, Timisoara, Bratislava, Szeged e Суботица - nasceram no seio de famílias judaicas húngaras. Marcell Komor, filho do rabino Salamon Kohn (1828-1886), foi vítima do Holocausto.

Fotos: do autor.

16.11.10

Târgu Mures

Ao visitar a cidade transilvana de Târgu Mures (Marosvásárhely, Neumarkt), não pude deixar de admirar seu centro antigo, que ainda revela as belas marcas da corrente Art Nouveau - em voga, numa abordagem muito própria, entre os arquitetos húngaros do início do século XX - promovida nos anos imediatamente anteriores à I Guerra Mundial por seu prefeito visionário György Bernády.

Parte das importantes transformações urbanísticas que a cidade sofreu naquela época, e que haveriam de apagar sua feição ainda rural, constitui a Grande Sinagoga, por muitos considerada o mais belo templo israelita de toda a Transilvânia. Inaugurado em 1900, o edifício foi construído conforme os planos em estilo eclético do arquiteto vienense Jakob Gärtner (1861-1921).

Em 1944, sob o regime ditatorial húngaro que vigorou de 1940 até aquele ano na Transilvânia Setentrional, cerca de 7000 judeus da cidade - 15% da população - foram concentrados em guetos e em seguida deportados para a morte em Auschwitz. Ao todo, 150.000 judeus foram deportados de toda a Transilvânia Setentrional. Hoje em dia, na atual província de Mures, da qual Târgu Mures é a capital, os judeus não passam de 200.

Em 2003, as autoridades locais romenas inauguraram, numa praça central da cidade, um monumento em memória àquelas vítimas. A estátua, representando uma família abraçada, foi realizada por um dos sobreviventes da tragédia: Izsák Martin.

Fotos: do autor.