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10.3.11

Em Kamenets da Podólia

Kamenets da Podólia (Кам’янець-Подільський em ucraniano, Камене́ц-Подо́льский em russo, Kamieniec Podolski em polonês, Cameniţa Podoliei em romeno, Kamaniçe em turco, Camenecium em latim, Kamenyeck-Podolszk em  húngaro, קאָמענעץ em iídiche) é uma cidade hoje de quase 100 mil habitantes. Seu coração, entretanto, se restringe a uma pequena área determinada por um desenho em forma de ômega que o rio Smotrych imprime ao relevo, formando uma garganta de 40 metros de profundidade. 

Embora mais da metade do centro histórico tenha sido destruído durante os embates da II Guerra Mundial, a cidade ainda tem muito a oferecer, sobretudo do ponto de vista arquitetônico, do seu movimentado passado de bastião oriental do Cristianismo, em que procurou deter o avanço dos mongóis, na Idade Média e, mais tarde, dos tártaros e dos turcos otomanos, estes últimos tendo capturado e dominado a cidade nas últimas décadas do século XVII - deixando, entre marcas diversas, um minarete colado à catedral católica [foto]. 

Judeus, armênios, poloneses e ucranianos, dentre outros povos, marcaram a sua paisagem e o seu desenvolvimento, conferindo-lhe um caráter multiétnico até a II Guerra Mundial, quando a cidade se deparou com o extermínio da população judaica por parte dos nazistas - o cemitério israelita local comporta uma vala comum daquela época - e com a deportação de poloneses e ucranianos por parte dos russos.

No início do mês de março, faz muito frio na cidade, um frio umedecido pelas águas do rio e endurecido pelas pedras centenárias, por cima das quais, apesar do gelo e da neve, parece que ainda se pode ouvir o escorrer de todo o sangue vertido no passado. Enfrentando um cortante vento gelado, o excelente guia Maxim me mostrou sinteticamente a cidade medieval, deixando a fortaleza para uma ocasião de temperaturas mais altas. Terminamos nosso passeio bebendo chá e comendo panquecas recheadas com sementes de papoula e com cereja num restaurante - que funciona no prédio da Sinagoga dos Alfaiates, única que restou em pé em Kamenets [foto], ao lado de um bastião da muralha medieval que dá para o rio.

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