
Na primavera de 1943, a insurreição do Gueto de Varsóvia foi brutalmente sufocada pelo exército nazista, que trucidou mais de 13 mil judeus durante a exitosa operação de aniquilamento dessa parte da cidade. A maioria dos 50 mil judeus restantes foram capturados e despachados para o inimaginável campo de extermínio de Treblinka.
Há quem diga que, por ironia, o material utilizado pelo escultor tenha sido previamente encomendado pelos nazistas, no intuito de construírem um monumento em homenagem à (malfadada) vitória alemã.

A poucos metros do trágico memorial, atrás de tapumes, vê-se a construção em andamento do ambicioso Museu da História dos Judeus Poloneses, que deverá abrir suas portas ao público em 2012.
Na praça que abriga o colosso de Rappaport, salpicada por pequenos monumentos em mármore negro que se estendem pelas ruas adjacentes e que comemoram, em polonês e hebraico, diferentes personalidades, lugares e momentos dessa história macabra, idosos gorduchos e bem-dispostos sentavam-se sossegados nos bancos sob o sol do fim-de-semana, enquanto moradores do bairro passeavam satisfeitos seus cachorros por cima dos escombros enterrados, por entre fantasmas cujos gritos lancinantes guiavam meus passos.
Fotos: do autor.