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14.9.10

Mein shtetele Belz

A cidade de Bălţi (Bielce, Бельцы, Бэлць, Бєльці, בעלץ) aparece em documentos do século XV como um importante centro de comércio de cavalos: não é à toa que seu primeiro brasão exibia uma cabeça de cavalo. Aos poucos, a cidade se torna também um centro de artesãos - ferreiros, seleiros, segeiros, peleteiros. O Império Russo, que em 1812 incorpora a parte oriental da Moldávia, que passa a ser conhecida como Bessarábia, aumenta a autonomia administrativa da localidade que, uma vez ligada à rede ferroviária, se transforma num centro de coleta de cereais que são transportados para Odessa.

Devido ao desenvolvimento econômico gerado, juntam-se à população moldava numerosos russos, ucranianos e judeus. O número desses imigrantes continuou crescendo, especialmente depois da união da Bessarábia com a Romênia em 1918, por causa do afluxo de refugiados do outro lado do rio Dniester que fugiam da coletivização soviética, do Holodomor (1932-33) ou da polícia secreta do partido comunista soviético (NKVD).

Durante a II Grande Guerra, a cidade foi gravemente destruída e sofreu importantes deportações. Primeiro (1940-41), os soviéticos deportaram para o Cazaquistão e Sibéria padres e funcionários públicos moldavos que trabalhavam para o Estado romeno; em seguida (1941-44), romenos e alemães deportaram judeus - que constituíam pelo menos metade da população local e que foram confinados a um gueto - e cidadãos suspeitos de apoiarem o sistema soviético. As deportações soviéticas foram retomadas entre 1945 e 1954.

Durante o regime comunista, a cidade se transformou no mais importante centro industrial do norte da Moldávia, com uma população quase toda transplantada, formada por russos, ucranianos e camponeses moldavos.

Bălţi, que no passado foi melancolicamente evocada na famosa canção iídiche Mein shtetele Belz, de 1928, é hoje em dia a "capital setentrional" da República Moldova, sendo a segunda mais importante cidade do país e contando com uma população de quase 150 mil pessoas, das quais cerca de 400 formam a comunidade judaica local, atualmente liderada pelo Sr. Lev Bonder.

Foto (do autor): Jaime Serebrenic (SP) diante da única sinagoga restante em Bălţi, maio de 2010.