Seu guia brasileiro exclusivo na Europa Oriental

27.1.11

Mayn shtetele Soroke

Soroca (Сороки em russo, Сороки em ucraniano, Soroki em polonês, םאָראָקע em iídiche) é capital de distrito homônimo e porto no rio Dniester, na atual República Moldova. A primeira referência documental à localidade data de 1499. Foi sede de uma das mais antigas comunidades judaicas da Bessarábia. Os mais antigos túmulos judaicos são do século XVI. A sinagoga principal foi construída em 1775. Em 1772, uma dúzia de famílias judias (de um total de 170 famílias), vivia em Soroca.

Situada numa das áreas mais férteis do mundo, de tchernoziom, Soroca - que passou a pertencer à Rússia em 1812 - tornou-se um centro de rápido crescimento dos assentamentos judaicos desde a criação das primeiras colônias agrícolas judaicas em 1836. Em 1817, 157 famílias judias viviam em Soroca, em 1847 havia 343; em 1864 havia 4135 e, em 1897, havia 8783 (representando 57% da população). Considerada em 1861 um dos principais centros de atividade agrícola judaica na Rússia, Soroca e seus assentamentos agrícolas periféricos produziam tabaco, uvas e diversas outras frutas.

Em 1900, no auge da vida judaica em Soroca, a cidade contava com 17 sinagogas. A emigração, porém, principalmente para os Estados Unidos e Argentina, começou com a aprovação das leis restritivas de maio de 1882 do tzar Alexandre III e com as dificuldades econômicas resultantes. Em 1930, a cidade tinha 5462 judeus (36% da população).


Quando as forças alemãs e romenas entraram em Soroca em julho de 1941, iniciou-se a aniquilação sistemática dos judeus. Um campo de concentração foi criado nas adjacências, em Vertujeni, onde 26 mil judeus foram presos. De setembro até o final de dezembro de 1941, os sobreviventes foram deportados a pé para campos na Transnístria. Muitos foram mortos ou morreram de fome e exaustão durante o caminho. Poucos sobreviveram à guerra.

Estima-se que, após a guerra, talvez houvesse 1000 judeus em Soroca. Cerca de 200 judeus viviam lá em 2004.

Na década de 1990, Arkady Gendler, um nativo de Soroca, escreveu a canção Mayn shtetele Soroke.

Fonte: artigo Soroca, de autoria de Wolf Moskovich, publicado na YIVO.

20.1.11

Rússia a cores 100 anos atrás


O Boston Globe nos convida a olhar para o passado com uma extraordinária coleção de fotos coloridas tiradas na Rússia entre 1909 e 1912. Naqueles anos, o fotógrafo Sergei Mikhailovich Prokudin-Gorskii (1863-1944) realizou um levantamento fotográfico do Império Russo, com o apoio do czar Nicolau II. Ele usou uma câmera especial para capturar três imagens em preto e branco em sucessão rápida, utilizando filtros vermelho, verde e azul, que mais tarde podiam ser recombinadas e projetadas de maneira a revelar um colorido muitíssimo próximo da realidade. A alta qualidade das imagens, combinadas às cores brilhantes, faz quase duvidar que se trate de imagens de 100 anos. Confira aqui a coleção de fotos, disponibilizada pela Biblioteca do Congresso dos EUA, que adquiriu as placas de vidro originais em 1948. também imagens relacionadas à herança judaica local, como a de cima, retratando crianças judias com seu professor em Samarcanda (atual Uzbequistão), em torno de 1910.

Fonte: The Boston Globe

6.1.11

A Bessarábia de Ghivelder

Sugiro a leitura do interessante artigo Bessarábia, era uma terra doce e bonita..., de autoria de Zevi Ghivelder, publicado em 10/04/2010 no website da Sinagoga Adat Ischurum, cujo breve fragmento abaixo reproduzo. A versão integral pode ser acessada aqui.

A Bessarábia, hoje República Moldova, teve a pouca sorte de ter seu território de 34 mil quilômetros quadrados (pouco menos do que o estado de Alagoas), ladeado pelos rios Dniester e Prut, ou seja, localizado entre a Romênia e a Ucrânia, dois assumidos bastiões do anti-semitismo no leste europeu e que inclusive se aliaram aos nazistas durante a 2a Guerra Mundial. A presença judaica naquelas paragens, então chamada de Moldávia, é assinalada por volta do século 16. Os judeus se dedicavam ao pequeno comércio, mas, assim que alcançaram algum progresso em suas atividades, foram expulsos para a Galícia, na Polônia, e para a Podólia, no sudeste da Ucrânia. Em meados do século 18, os judeus tentaram novamente se radicar na Moldávia, tendo como principal ocupação a travessia de pessoas e cargas através do rio Dniester. Mais uma vez foram expulsos. Só retornaram no século seguinte, depois do conflito entre a Rússia e a Turquia. Como vencedor, o império russo anexou o território denominado Bessarábia. Em 1818, foi editado um decreto segundo o qual os judeus ficavam proibidos de possuir qualquer tipo de terra para fins de agricultura, mas podiam comerciar variadas mercadorias e operar moinhos de trigo. Um censo do ano anterior apontava a existência de cerca de 19 mil judeus na Bessarábia, correspondendo a 4,2% do total de seus habitantes.