Seu guia brasileiro exclusivo na Europa Oriental

7.2.08

A primeira viagem

Após passar o ano-novo em Berlim, tomei o trem para Varsóvia. Era janeiro de 1995. Apesar das baixas temperaturas, eu decidira ir pela primeira vez à Lituânia. Os trilhos para Vilna cruzam a Belarússia na cidade de Grodno. A fim de evitar complicações com a obtenção de mais um visto, tomei um ônibus Scania para a Lituânia, cujo caminho contornava a fronteira belarussa. Fiquei em torno de 5 dias em Vilna. Lá aprendi o quão infinitas são as tonalidades entre o branco e o preto. Fui guiado por Regina Kopilevich. Primeiro, tomamos um ônibus até Wilkomir - atual Ukmerge - onde minha tataravó Haia Sarah Papert nasceu. Das 11 sinagogas do local, apenas algumas permaneceram em pé, embora os edifícios sejam utilizados para outros propósitos. O cemitério israelita foi devastado durante a II Guerra Mundial. De Ukmerge tomamos um táxi para Poselva - atual Zelva - a shtetl do meu tataravô Leão Klabin, sábio das Escrituras e coletor de impostos, que emigrara com toda a família para o Brasil em torno de 1890. Nosso táxi era o único automóvel do vilarejo. Baseado em relatos de família, conforme os quais a sinagoga ficava ao lado do poço, fui capaz de reconhecer o edifício, em ruínas. Após tomar uma inesquecível sopa de beterraba na taverna local, fomos até a escola procurar ajuda. O professor de História nos guiou até o cemitério israelita. Vento com neve. Minúsculas casas de madeira. Entramos numa delas, uma velha senhora nos contou do bom relacionamento existente com a comunidade judaica antes da Guerra. Tinha a impressão de que iria me deparar, a qualquer momento, com Leão Klabin e suas longas barbas na próxima esquina. A profunda emoção desta viagem genealógica pessoal fez-me compreender o que outras pessoas podem sentir em tais circunstâncias. A partir daquele momento, decidi que gostaria de possibilitar que mais pessoas sentissem o mesmo.

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