Leon Barg, filho de judeus romenos, nasceu no Recife e mora em Curitiba (onde conheceu Eva, com quem viria a se casar três anos depois) desde 1954. Ainda na capital pernambucana, aos 14 anos, comprou seu primeiro disco, com, em suas próprias palavras, “o primeiro cruzeiro que ganhei”. O disco era de Francisco Alves, mas Leon não tinha gramofone e o ouvia na casa de amigos. Em 1987 ele criou o selo Revivendo Músicas, que tem se dedicado a lançar em CD gravações da música brasileira da primeira metade do século XX, com destaque para as décadas de 30 e 40, os chamados “anos dourados” da nossa música popular. Hoje a coleção conta com 33 mil discos (66 mil títulos, já que os antigos 78 rpm tinham uma faixa de cada lado), é a base dos lançamentos do selo, e que está espalhada por vários cômodos e até um dos banheiros da sede da Revivendo. De cada disco, feitos à época de material quebradiço e cujas cópias apresentam por vezes defeitos, ele procura ter dois ou três exemplares, dizendo que “quem tem um, não tem nenhum”. Leon e sua equipe (Fabrício e Giovana) fazem os discos passar por um sistema de “limpeza” do som, a fim de recuperá-los e remasterizá-los para serem lançados em CD.
Por ajudar na compreensão da essência da nossa identidade cultural por meio da memória da canção popular é que o trabalho de Leon Barg e da Revivendo tem importância fundamental. Importância que cresce quando se leva em conta que a manutenção e a divulgação desse acervo vêm sendo feitas sem qualquer tipo de ajuda oficial, graças principalmente ao arrojo de um único indivíduo, que conta com suas duas filhas e seis funcionários, além de pequenas colaborações de amigos que Leon tem feito ao longo de suas andanças por um país que ele ajuda, com seu trabalho, a redescobrir.
Fonte: artigo O Pescador de Pérolas, publicado pela Carta Capital
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