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26.2.08

Judeus da Leopoldina

A jornalista carioca Heliete Vaitsman publicou um livro reunindo pesquisas realizadas pelo Museu Judaico do Rio de Janeiro junto a antigos moradores dos bairros servidos pela Estrada de Ferro Leopoldina. O livro constitui documento de grande valor histórico, resgatando a saga de imigrantes judeus que, escapando da miséria e do crescente anti-semitismo da Europa, conseguiram um novo lar no Rio de Janeiro da primeira metade do século XX. Judeus da Leopoldina, editado pelo Museu Judaico do Rio de Janeiro com o apoio de Max Paskin e com apresentação assinada por Moacyr Scliar, foi lançado em 15 de janeiro de 2007 e menciona vários emigrantes judeus de famílias romenas, tais como Koifman, Zuchen e Vainboim.

20.2.08

Flexor

O artista plástico Samson Flexor (1907-1971), considerado o introdutor do Abstracionismo no Brasil, nasceu em Soroca, atualmente na República Moldova. Viajou para a Bélgica em 1922, onde estudou pintura na Académie Royale des Beaux-Arts. Mudou-se para Paris em 1924 e fez o curso livre da Ecole Nationale Supérieure des Beaux-Arts. Em 1927, realizou sua primeira exposição individual, na Galeria Campagne Première, em Paris. Em 1929, participou da fundação do Salon des Surindépendants, atuando como seu diretor até 1938. Membro da Resistência Francesa durante a II Guerra Mundial (1939-1945), foi forçado a fugir de Paris. Em 1946, viajou ao Brasil e expôs na Galeria Prestes Maia, em São Paulo e, em 1948, fixou-se na cidade. Em 1951, criou o Atelier Abstração, em que se formaram grandes nomes das artes plásticas brasileiras. Em outubro de 2007, o Museu Nacional Cotroceni em Bucareste abrigou exposição de 100 obras de Flexor, em comemoração pelo centenário de seu nascimento.

Fonte: Enciclopédia Itaú Cultural de Artes Visuais

19.2.08

Romena deportada por Getúlio

Leia aqui o ensaio Direito e História: Genny Gleiser, o anti-semitismo na era Vargas e o Habeas Corpus nº 25906/1935, de autoria do Procurador Arnaldo Sampaio de Moraes Godoy, elaborado em setembro de 2007, sobre o caso da jovem judia romena. Genny, que nascera em Balti, Bessarábia, atual República Moldova, tinha na ocasião 17 anos; ela foi presa, maltratada e deportada em outubro de 1935 para a Alemanha nazista pela ditadura de Getúlio Vargas .

9.2.08

Pintor Emeric Marcier

A edição no. 29, de fevereiro de 2008, da Revista de História da Biblioteca Nacional publica um artigo sobre o pintor brasileiro de origem romeno-judaica Emeric Marcier, nascido na cidade transilvana de Cluj em 1916 com o nome de Imre Rácz. Assinado por Anna Paola Pacheco Baptista, o artigo da rubrica Arte no Exílio tem como título "O exílio como pátria amada - De judeu romeno a católico brasileiro, as experiências de vida que reinventaram a arte do pintor Emeric Marcier".

105 anos do pogrom de Chisinau

Há cento e cinco anos, em 6 de fevereiro de 1903, era encontrado morto o menino cristão Mihail Rybachenko na cidade bessarábia de Dubasari. Acusada de assassinato, a população judaica de Chisinau (Kishinev), então parte do Império Russo e atual capital da República Moldova, entrou para a história ao ser vítima do primeiro pogrom do século XX, incentivado e provavelmente organizado pelas autoridades russas, lançado entre 6 e 7 de abril de 1903, às vésperas da Páscoa. Leia artigo em português da edição no. 40 do ano de 2003 da revista Morashá. (A ilustração mostra capa de elegia pelo massacre de Chisinau, composta por Herman Shapiro em 1904).

Golgher

Transcrevo, a seguir, primeiro parágrafo do artigo "Isaías Golgher, 94 anos - Um historiador do tempo das utopias", de autoria de Leonardo Coutinho e publicado em 13 de março de 2000 na revista ISTOÉ Gente.

Dezembro de 1924. Um jovem judeu de dezenove anos desembarcou no porto do Rio de Janeiro, foragido da perseguição policial em seu país. Carregado de idealismo e expectativas, Isaías Golgher chegou em busca de asilo político, depois de ter militado na luta pela libertação da Bessarábia (atual Moldova), que havia sido ocupada pela Romênia em 1917. Começou assim sua relação com o Brasil.

Fonte: ISTOÉ Gente

Zonenschain

Doba Zonenschain (née Iampolski) nasceu em 1914, em Edinet, na Bessarábia, hoje parte da República Moldova. Emigrou com a família em 1933 para o Brasil. Foi membro da Associação Feminina Israelita Brasileira e presidente da Biblioteca Scholem Aleichem. Leia trecho de sua entrevista ao projeto Heranças e Lembranças. (Na foto, operárias judias de uma fábrica em Bucareste, 1932. Doba é a do meio.)

Fonte: Museu da Pessoa

Sukerman

Hana Sukerman nasceu em 1919, em Soroca, Bessarábia, hoje parte da República Moldova. Emigrou em 1935, com a irmã, para juntar-se aos outros irmãos que viviam na Bahia. Casou-se e foi morar no Rio em 1945, onde trabalhou por muitos anos como encadernadora de livros. Leia trecho de sua entrevista concedida ao projeto Heranças e Lembranças. (Na foto, com suas duas filhas, Susane e Kitty, em Salvador, década de 1940).

Fonte: Museu da Pessoa

Gandelman

O advogado Henrique Gandelman (Rio de Janeiro), pai do saxofonista Leo Gandelman, veio à Romênia em 1998, de onde o guiei até a República Moldova. Seus pais provinham de um pequeno vilarejo chamado Trinka, no norte da Bessarábia, tendo emigrado para o Brasil durante a II Guerra Mundial. Guiei-o por Chisinau, Edinet, Briceni e Secureni (Ucrânia), atrás dos rastros de sua família. Durante a viagem, ele (na foto, o segundo da esquerda para a direita, em Briceni) foi recebido e orientado por novos amigos, além de ter ouvido histórias comoventes sobre sua própria família e sobre o destino dos judeus bessarábios.

Kaz

Em novembro de 2004, guiei Leonel e Roberto Kaz (Rio de Janeiro) pela Romênia profunda, atrás de seus sabores, sua história e sua cultura. Pai e filho, de origens moldavas judaicas, puderam compreender melhor, ao atravessar a Transilvânia e vivenciar a hospitalidade familiar na Bucovina, hábitos específicos e idiossincrasias de sua própria família. Na foto, o carioca Leonel posa feliz diante da neve de seus ancestrais em Suceava.

Aiklender

Em maio de 2002, visitei o vilarejo de Oclanda, na divisão administrativa de Soroca, Bessarábia, atual República Moldova, a fim de conhecer o lugar de onde supostamente se originou a família do meu bisavô Salomão Aiklender. Embora minha avó tenha nascido na cidade ucraniana de Jitomir, há indícios de que seu pai ou ao menos sua família paterna tenha vindo daquele pequeno vilarejo perto das margens do rio Dniester.

Batusanschi

Em abril de 2002, guiei Silvio Batusanschi (São Paulo), juntamente com seus primos franceses Serge e David Batusanski, até a terra de seus ancestrais: Bessarábia. Chisinau (na foto, Serge é surpreendido do outro lado do monumento ao Holocausto, no centro da cidade) e Briceni foram as paradas principais, onde visitaram a comunidade judaica local e o cemitério israelita. Em Briceni eles encontraram uma prima distante, cuja existência era até então desconhecida. No caminho de volta para a Romênia, atravessamos a cidade de Botosani, topônimo que provavelmente se encontra na origem de seu sobrenome.

Presença judaica na Romênia

O mapa acima mostra a concentração da população judaica, dividida por divisões administrativas, no território da Grande Romênia, conforme o recenseamento de 1930 - clique nele para vê-lo em formato maior.

As divisões administrativas ("judete") de Cernauti, Iasi e Lapusna detinham as maiores comunidades em número absoluto, cada uma delas abrigando mais de 40 mil judeus.

N.B.: (1) Cernauti: ou Tchernovitz, Tchernivtsi, principal divisão administrativa da Bucovina Setentrional, com capital homônima, hoje na Ucrânia; (2) Iasi: também conhecida como Jassy, a mais importante divisão administrativa da região histórica da Moldávia romena, com capital homônima; (3) Lapusna: divisão administrativa na Bessarábia, com Chisinau (Kishinev) como capital, hoje capital da República Moldova.

7.2.08

A primeira viagem

Após passar o ano-novo em Berlim, tomei o trem para Varsóvia. Era janeiro de 1995. Apesar das baixas temperaturas, eu decidira ir pela primeira vez à Lituânia. Os trilhos para Vilna cruzam a Belarússia na cidade de Grodno. A fim de evitar complicações com a obtenção de mais um visto, tomei um ônibus Scania para a Lituânia, cujo caminho contornava a fronteira belarussa. Fiquei em torno de 5 dias em Vilna. Lá aprendi o quão infinitas são as tonalidades entre o branco e o preto. Fui guiado por Regina Kopilevich. Primeiro, tomamos um ônibus até Wilkomir - atual Ukmerge - onde minha tataravó Haia Sarah Papert nasceu. Das 11 sinagogas do local, apenas algumas permaneceram em pé, embora os edifícios sejam utilizados para outros propósitos. O cemitério israelita foi devastado durante a II Guerra Mundial. De Ukmerge tomamos um táxi para Poselva - atual Zelva - a shtetl do meu tataravô Leão Klabin, sábio das Escrituras e coletor de impostos, que emigrara com toda a família para o Brasil em torno de 1890. Nosso táxi era o único automóvel do vilarejo. Baseado em relatos de família, conforme os quais a sinagoga ficava ao lado do poço, fui capaz de reconhecer o edifício, em ruínas. Após tomar uma inesquecível sopa de beterraba na taverna local, fomos até a escola procurar ajuda. O professor de História nos guiou até o cemitério israelita. Vento com neve. Minúsculas casas de madeira. Entramos numa delas, uma velha senhora nos contou do bom relacionamento existente com a comunidade judaica antes da Guerra. Tinha a impressão de que iria me deparar, a qualquer momento, com Leão Klabin e suas longas barbas na próxima esquina. A profunda emoção desta viagem genealógica pessoal fez-me compreender o que outras pessoas podem sentir em tais circunstâncias. A partir daquele momento, decidi que gostaria de possibilitar que mais pessoas sentissem o mesmo.