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10.11.08

Judeus russos no Recife

Reproduzo, abaixo, fragmento do artigo Judeus celebram 100 anos no Estado, de autoria de Daniel Leal, publicado em 31 de agosto de 2008 pela Folha de Pernambuco:

Este ano está se comemorando os cem anos da presença judaica em Pernambuco. Na verdade, esse centenário é o da terceira leva judaica que chegou ao Nordeste brasileiro, já que os judeus encontram-se presentes na região desde 1503, com a sua chegada à ilha de Fernando de Noronha.

A comunidade judaica tem importância fundamental na história do Recife [na foto de ca. 1885, a Rua dos Judeus]. Na época da dominação holandesa, uma grande quantidade de judeus se estabeleceu no local. A formação da primeira comunidade judaica no Estado ocorreu no início do século 17, graças à liberdade religiosa do governo de Maurício de Nassau, época em que foi fundada, inclusive, a Primeira Sinagoga das Américas.

Com as perseguições aos judeus no século 20, novamente Recife se transformou em uma possibilidade de liberdade para o povo judaico. A partir do início do século 20, um grupo de imigrantes formou no Estado uma pequena comunidade, originando a que persiste até hoje, plenamente integrada, atuante social, cultural e economicamente.

E eles vieram de longe: o czar da Rússia, precisando responsabilizar alguém pela situação de calamidade em que vivia o povo russo, acabou conseguindo culpar os judeus pela desarmonia do país. “A atual comunidade judaica foi formada por refugiados vindos da Rússia. No tempo do Czarismo, a situação era difícil. Era grande a pobreza entre a população, os judeus não podiam estudar nem trabalhar e ainda eram mortos, vítimas do preconceito”, contou a presidente do Arquivo Histórico Judaico de Pernambuco, Tânia Kaufman.

Anete Hulak é, hoje, um símbolo de todo o desenvolvimento judaico em Pernambuco. Aos 106 anos, lúcida, ela é a pessoa mais antiga da comunidade judaica do Estado. “Invadiram a Bessarábia (atual Romênia) e tivemos que fugir. Em 1924, viemos para o Brasil. No começo, ainda mantínhamos correspondência com os amigos que ficaram lá, mas, depois, com a guerra, perdemos o contato. Tive problemas com a língua, isso é natural. Eu vim porque tinha duas irmãs aqui. Agora, sou naturalizada brasileira”.

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