Minha família não tem raízes na Polônia, mas isso é irrelevante ao tocar o chão de Varsóvia. Sinto por debaixo dos pés como aquela terra fervilha, reproduzindo ainda, como um eco abafado, todos os passos e tombos daqueles que ali foram vítimas e instrumentos do horror, tão enigmático quanto inaceitável, da guerra.
Por um instante me pergunto para que recordar esse passado que não vivi e que não tem ligação direta comigo, se não seria melhor concentrar energia na direção de um futuro em que tais monstruosidades não venham mais a acontecer, mas a pergunta se esfarela e eu continuo caminhando estupefato pela área do antigo gueto [cujos limites encontram-se hoje marcados na calçada, conforme a foto], sem compreender o que procuro, convencido de jamais poder compreender a profundidade do sofrimento e a amplitude da carnificina que os monumentos evocam .
Um desses monumentos marca o lugar da Umschlagplatz, onde, sobretudo ao longo do verão de 1942, os nazistas reuniram cerca de 300 mil judeus poloneses e os deportaram de trem diretamente para as câmaras de morte de Treblinka.
Erguido em 1988, o monumento em mármore, cujo formato retangular sugere um vagão de carga, tem uma parede comprida em que estão inscritos vários prenomes judeus, de A a Z. No meio dela, uma fenda, larga o bastante para chamar a atenção, mas estreita o suficiente para não permitir a passagem de ninguém. Olho por ela, com a prudência medrosa de quem espreita o inferno, e o que se vê é uma árvore frondosa plantada exatamente na sua direção - árvore refresco inesperado de uma esperança muito difícil.
Fotos: do autor.
Por um instante me pergunto para que recordar esse passado que não vivi e que não tem ligação direta comigo, se não seria melhor concentrar energia na direção de um futuro em que tais monstruosidades não venham mais a acontecer, mas a pergunta se esfarela e eu continuo caminhando estupefato pela área do antigo gueto [cujos limites encontram-se hoje marcados na calçada, conforme a foto], sem compreender o que procuro, convencido de jamais poder compreender a profundidade do sofrimento e a amplitude da carnificina que os monumentos evocam .
Um desses monumentos marca o lugar da Umschlagplatz, onde, sobretudo ao longo do verão de 1942, os nazistas reuniram cerca de 300 mil judeus poloneses e os deportaram de trem diretamente para as câmaras de morte de Treblinka.
Erguido em 1988, o monumento em mármore, cujo formato retangular sugere um vagão de carga, tem uma parede comprida em que estão inscritos vários prenomes judeus, de A a Z. No meio dela, uma fenda, larga o bastante para chamar a atenção, mas estreita o suficiente para não permitir a passagem de ninguém. Olho por ela, com a prudência medrosa de quem espreita o inferno, e o que se vê é uma árvore frondosa plantada exatamente na sua direção - árvore refresco inesperado de uma esperança muito difícil.
Fotos: do autor.
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